Que sol é esse que o seu brilho está mais para um lado especial que o outro lado? O lado miserável da vida! O lado questionado do ser! O lado que não é lado, pois quem é desprivilegiado nem lado tem. Está à mercê do nada! Está à mercê do tudo! Exposto, fragilizado e mediocrizado. Não está em lugar ou posição alguma. A embromação social não deixa. Alguns mais espertos (supostamente) tentam ludibriar, vigilante, à cata de fracos e miseráveis. Miseráveis não no estado. Mas por ter preguiça de pensar, de rebater, de rechaçar e vencer seus algozes sociais. Mas para onde vai essa gente? Gente mesquinha que só pensa em si mesma. Que se posicionam em prol de um nada. Que sentam à sombra de uma árvore qualquer para fumar um baseado ou canudinho de papel. Talvez para esquecer. Talvez para lembrar; ou talvez para aguçar? __ Aguçar o que? Uma mente vazia? Sem cultura, sem progresso cultural; sem lembranças paternas? Quem fora os pais, os troncos genéticos; ou também foram tortos? Que gente é essa? Que mata sem pestanejar; por um calçado esfolado pelo tempo; por um baseado, roubam objetos de lares que sofreram para consegui-lo;... Falta altruísmo, falta paz, falta respeito. Falta sossego nessa gente que caminha nas sendas do erro, sem se preocupar com a ética do certo ou errado. Por quê? __ O certo atrapalha? Claro! O certo exige uma posição, uma conduta, uma responsabilidade. Para que ser responsável quando tudo concorre para o pior; Em cada estrada, rua ou encruzilhada, cenas que desanimam que desacreditam, que nos empurra labirinto adentro. Ali perdemos a razão, a dignidade, a noção, a esperança e a crença. Mas que crença? Em que acreditamos? Por que acreditar quando tudo nos força para baixo, para o chão de onde viemos para entregar tudo que temos (se é que temos alguma coisa); quando o ladrão não leva, leva o governo, quando o governo não leva, leva o sistema do qual fazemos parte, seja este social ou religioso. Nossa capacidade de levantar e olhar para as nossas chances e possibilidades, só nos faz gemer e gritar. Não grito audível. Um grito sufocado pela impotência de lutar pelos diretos. Há uma resposta? Onde encontrá-la? Na fé? Mas o que é fé? Na razão? Quem tem razão? De viver, de falar ou acreditar? Não! Não posso acreditar! No que vejo. No que sinto. No que pressinto. Tudo é vão; contínuo e constante sem nos levar o lugar algum. Utopia? Não sei! Fantasia? Talvez! Esperança? Será? __ Está escrito que (... a esperança não traz confusão,... (Romanos 5:5 a). Como não, se há tantas mentes vazias, solitárias de idéias; divagando atrás do nada ou à frente do tudo, do isto e do acaso. Mentes confusas e preocupadas sem uma resposta para as suas indagações. O que espera essa gente? O que esperamos deles? Ao passar pelas ruas, vemos pessoas em busca do realizar, do prover, do prazer, do viver; da resposta dos seus anseios, da sede de vida, do viver melhor em contraste com o viver pobre de alguns. Viver pobre, mesmo sendo rico. Viver pobre mesmo estando melhor. Mas que melhor? Não fazem dessa “suposta” vida melhor a vida pior do seu igual? Não riem? Caçoam? Mofam e fazem gestos indicativos com o dedo. Sim! Dedo que aponta dedo que acusa! Acusam de que? Quando os nossos acusadores fazem o pior achando que estão certos e estão pra lá de errados. Para onde caminha essa gente? Qual o fim de tudo isso? Haverá um fim? Fim para quem morre? Fim para quem vive? Talvez o viver não é tudo ! Talvez o morrer não é nada! É só o esquecer de viver. Dormir. Desconectar. Apagar. Apagar as mágoas. As lembranças,... Enxugar as lágrimas e continuar,... Seguir em frente.
Sim! Seguir em frente! Começar tudo de novo. Como se o novo fosse novo. Tudo não passa de uma rotina esfarrapada, surrada pelo tempo, pelo continuísmo da vida, do viver, do querer e do nada conseguir. Sofremos querendo, o que não podemos alcançar; se alcançamos, o preço é alto, não podemos pagar. Quando pensamos que tudo está no ar; quando pensamos tudo saber; estamos sós, desvalido, desprotegido, com um olhar de canto de olho; De soslaio. O olhar da fome, do medo, do tédio, da busca, na tentativa de encontrar o objeto sonhado. Mas alcançar o que?Aquilo que não se vê? Que não se olha de frente? O medo de enxergar o novo? Sim! Suposto novo, com cara de velho, antigo, antiquado e passageiro. Passou, e tudo se fez novo. O que é o novo? __ O eco do passado! Do passado que não me lembro, porque não estava lá. Por isso, o novo para alguns é interessante, essa forma intrigante de saber; porque se descobre, e se encobre, por precaução, por medo da revelação que o novo traz. E se descobrem? O que fui o que sou o que quero ser? Daí o desespero de ser o que sou, porque não queria ser. E a angustia de não ser o que sempre sonhei. Na falha e na fraqueza da esperança, o novo dilata a pupila de um fraco olhar que busca, espera e nada consegue. Assim prosseguimos trôpegos, desanimados, balbuciando a prece para depressa chegar; Mas o andar não sai, falta a força, o ânimo cai, o semblante trai, aquilo que o cérebro dita e o coração o palpita. Tudo não passa da agonia, da busca frenética do meu eu, do meu aquilo. O que o novo traz me intriga, não satisfaz, por isso não busco mais. Só o pouco, o necessário, a sobrevivência. Esse mais que não é suficiente, que não preenche, não satisfaz, em pouco ameniza, mas não é capaz.Assim prossigo. Dando passos em qualquer direção. Nada pré-definido. Até encontrar o que satisfaz. O que é que me satisfaz? _ Você esta satisfeito? Com o que tem? Com o que somos? _ Mas o que temos e o que somos? Somos o ruído de algo existente? Somos o barulho de um ser vivente? Que fala alto, que faz acenos e algazarra para chamar atenção e nada temos!Tem-se que ficar pelado como nascemos para uma explicação. Por quê? Não param. Não olham. Não tem consideração com o pobre, o indolente, o andante que espera o novo chegar. O novo tempo. Uma nova oportunidade que supostamente o tempo traz. Para algum isso nunca chega. Falta “urbanidade” nessa selvagem cidade. Nesta selvagem e doce vida, que tão bondosamente Deus nos dá para ser vivida. Ele é a fonte. Até mesmo dessas pobres vidas que choram. Que esperam e não alcançam. Os choros as consolam, conforta e desabafa, porém, não é tudo. Está escrito que o choro pode durar uma noite, a alegria vem pelo amanhecer,... (Salmo 30:5). O amanhecer para alguns é real, para outros, utopia. Parece nunca chegar. Há choro que vira a noite, e o dia também. Não choro de lágrimas, mas choro de alma, que não se acalma, não descansa se abate, e só chora. Choro que não consola. O que será dessa gente que chora? Haverá consolo? Alguém se importa? Dá vontade dormir, descansar a bunda dormente, e cansada, de um assentar insistente à espera do nada.
Descansar as pernas que andam e os braços que se estendem pedindo o necessário para a sobrevivência. Vida que só dá uma safra. Às vezes um broto. Até uma colheita. O Grande Agricultor e Lavrador semeia a vida, cuida e colhe. Nem se dá tempo de fruto produzir. Enquanto a noite passa a vida germina, a semente que brota trazendo à existência o conhecimento deste Ser ignoto.
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